Um blog coletivo sobre material impresso.

sexta-feira, junho 29, 2007

A Faca Sutil

Terminei de ler o "The Subtle Knife", o segundo livro da trilogia "His Dark Materials" (ou "A Faca Sutil" da trilogia "Fronteiras do Universo", na versão brasileira) que comentei anteriormente aqui neste blog. Seguindo a "tradição" inaugurada no post do livro anterior, vou decorar este aqui com imagens, uh, não tão relacionadas assim com uma crítica literária, mais especificamente com screenshots comentados do trailer do A Bússola Dourada, que saiu acho que um ou dois meses atrás.




O close do "aletiômetro", o instrumento para (hihihihihi) ler a Verdade, logo no começo do trailer. Conforme se vê claramente, essa interface antediluviana de ponteiros apontando para ícones não é lá muito amigável.


Minha impressão geral do "The Subtle Knife" é: meh... Lá vão os defeitos que mudaram minha opinião de "SHOW!" no caso do primeiro livro para um mero "Meh" no segundo:




Acima e abaixo, o visual dementésimo da Londres alternativa da historinha, que me surpreendeu: eu imaginava os elementos mezzo-steampunk, mezzo-dieselpunk (como o dirigível), mas não imaginava o ar ligeiramente... nova-iorquino! E o legal é que faz todo o sentido: ao que parece, na realidade alternativa do livro o Estados Unidos nunca chegou a se formar como nós o conhecemos e virar uma hiperpotência hegemônica, e a Inglaterra é a dona do mundo até hoje. Então porque não incrementar o visual dessa Londres com elementos da "capital" do nosso mundo, Nova Iorque?




Primeiro, o Pullman enrola demais. Acho que até o primeiro terço o livro é *muito* interessante, e retoma fôlego no finzinho. Mas entre essas partes é um saaaaaaco arrastado. Quase tive a impressão de que o Pullman queria porque queria fazer uma trilogia, e em vez de fundir os livros 2 e 3 optou por encher lingüiça. Afinal, "trilogia" soa melhor que "bilogia", e vende mais livros! :)




A Eva Green de bruxa. Sim, elas são um dos elementos fantásticos delirantes do livro, e sim, elas voam, desde que estejam segurando um ramo de pinheiro. (WTF?!?)


Segundo, o problema da suspenção da descrença. No primeiro livro o Pullman teve a manha de fazer uma suspensão da descrença boa o suficiente para que o leitor (ao menos este leitor aqui) "aceitasse" na boa um mundo com ursos polares falantes, mulheres hiperlongevas voadoras, e (hihihihihihihihi) pessoas permanentemente acompanhadas por materializações zoomórficas de suas almas. Já nesse segundo livro as novas "coisas que não existem" - como facas capazes de cortar portais interdimensionais no ar (e pessoas capazes de fechá-los pegando as bordas com a ponta dos dedos!), fantasmas comedores de almas e (HIHIHIHIHIHIHIHI) anjos de Matéria Escura - vão aparecendo de supetão, sem qualquer preparo prévio do leitor. Fiquei com a impressão de que o Pullman escreveu com uma atitude de "Vejam! Chutei o balde! Vou escrever qualquer demência que me vier à cabeça na hora e do jeito que quiser, sem medo de ser feliz!".




Ainda outro elemento delirante: nessa realidade paralela os ursos polares são sapientes e têm uma metalurgia avançadíssima, inclusive usando armaduras feitas artesanalmente.


Tirando isso, o "The Subtle Knife" *tem* momentos geniais, interessantes e que me deixaram "meditabundo". Por isso minha classificação é um "meh", e não um "bleh"!




O elemento delirante em cima do qual a maioria das metáforas psicológicas do livro é feito, os "daemons", as materializações totêmicas das almas das pessoas. O daemon menorzinho na fota é de uma criança e ainda tem o poder de morfar em vários bichos (e tirei um snapshot no meio do morphing), enquanto a onça é de um adulto e tem forma fixa.


Ah, e um pequeno adendo sobre o filme/série de filmes que vai estreiar em breve. Li que, afim de pasteurizarem a historinha para o enorme público carola dos Estados Unidos, todas as referências a Deus e à Religião foram tiradas do filme. Isso é meio triste porque um dos momentos mais brilhantes do "A Bússola Dourada" lida com religião (e, é verdade, de um jeito que ia fazer o carola médio, como diria o Scott Adams, cuspir o próprio crânio fora). Porém, o Pullman declarou que essa censura não é prejudicial à história como um todo, porque é mais uma história de autoritarismo versus liberdade. E, depois desse segundo livro, tenho de concordar. Portanto, devo aguentar o provável artifício do filme, que vai ser sempre se referir a um misterioso e tenebroso vilão que nunca aparece, "A Autoridade" (nome que de fato é freqüentemente usado no livro), sem deixar claro que "A Autoridade" é Deus!




Finalmente, um livro descrevendo uma realidade alternativa maluca tem mais graça se existir a possibilidade fictícia dessa realidade maluca entrar em contato com a nossa. Daí a existência de (hihihihihihihih) máquinas capazes de abrir portais interdimensionais.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Lucio
Gostei da resenha, mas estranhei que vc não tenha delirado com esse livro também... E vc leu a Luneta Ambar, o 3º da trilogia? Adorei os 3, achei fantastica a imaginação do Phillip Pullman.

Grande Abraço!

Eloy - Rio Claro, SP

Anônimo disse...

O segundo livro é o melhor da trilogia cara, todos são ótimos

Unknown disse...

eu acho que todos os livros são otimos mais o que eu mais gostei foi a lunet ambar ele consertesa e o melhor deles.

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